Análise dos componentes da dieta de um mocho-diabo (Asio stygius) observado em área urbana no Rio Grande do Sul, Brasil

O mocho-diabo, Asio stygius, é uma coruja pouco conhecida no Rio Grande do Sul constando no apêndice de espécies com dados insuficientes do livro vermelho da fauna ameaçada de extinção neste estado. Aparentemente há uma extensão da área de ocorrência da espécie, originalmente florestal, para ambientes antropizados, inclusive cidades. O conhecimento da dieta da espécie constitui um importante subsídio para avaliação do seu status de ocorrência e conservação regional. De dezembro de 2004 até o momento foram coletadas aleatoriamente 15 egagrópilas, oriundas de um mocho-diabo freqüentemente observado em árvores exóticas de uma residência no centro da cidade de Capão da Canoa (29º 53’ S; 50º 16’ W). Cada pelota foi medida, pesada e desmembrada manualmente à seco para a identificação das estruturas nela contidas. O material foi analisado em estereomicroscópio e comparado com coleções de esqueletos disponíveis e bibliografia especializada. Até o presente, a maior pelota mediu 428 X 252 mm e obteve uma biomassa de 3,2 g. À exceção de insetos coleópteros, encontrados em 4,4% das pelotas, a dieta é dominada por aves, tendo sido identificadas, com base nos bicos, quatro espécies-presa. Destas, duas foram identificadas no nível de espécie, Passer domesticus (71,1%) e Sturnella superciliaris (20%) e duas no nível de famílias, Hirundinidae (2,2%) e Rallidae (2,2%). O alto percentual de P. domesticus, sugere um oportunismo deste indivíduo em predar o pássaro mais abundante em cidades. Entretanto, a quase totalidade de aves na dieta, mostra a especialidade esperada para esta espécie. O trabalho encontra-se em fase inicial de execução.