Observações sobre o ninho de Leptasthenura setaria (Temminck, 1824) no Brasil

Observações sobre o ninho de Leptasthenura setaria (Temminck, 1824) no Brasil

BÓÇON, Roberto
SPVS (Sociedade de Pesquisa Em Vida Selvagem e Educação Ambiental. Rua Gutemberg 345, Batel, Curitiba, Paraná, Brasil. Apoio: Fundação O Boticário de Proteção a Natureza
rao@avesargentinas.org.ar
O Furnarídeo Leptasthenura setaria é uma espécie endêmica das matas de araucária, estritamente ligada ao pinheiro Araucaria angustifolia (Bertoni). O. Ktze, que apresenta distribuição desde o sul do Estado de Minas Gerais até o Norte do Estado do Rio Grande do Sul no Brasil e em Misiones no Nordeste da Argentina. Apesar da intensa exploração e rápido declínio das matas de araucária, muito pouco se conhece até o presente momento sobre a biologia dessa ave que depende inteiramente desta espécie vegetal. O presente trabalho apresenta dados sobre a nidificação de Leptasthenura setaria no Brasil. Durante expedições realizadas para o município de Rio Azul, Sul do Estado do Paraná (25° 53’S, 50º 50’W), logramos encontrar dois ninhos da espécie, no mês de outubro e dezembro de 1992 respectivamente. Esta região é caracterizada pela dominância de Floresta Ombrófila Mista com Araucaria angustifolia, que segundo Straube & Arruda (1992) é a principal área para compreensão dos padrões da distribuição de aves das florestas com araucária por não apresentar influência de outros tipos de formações vegetacionais. O primeiro ninho foi encontrado em 20 de Outubro, o qual encontrava-se na copa de uma Araucaria angustifolia de aproximadamente 20 metros de altura, construído na extremidade de um galho de aproximadamente três metros de comprimento. O ninho apresentava aspecto ovoide de 130 mm de diâmetro externo com entrada látero superior circular de 19x19mm. Seu corpo confeccionado de musgo entrelaçado nas folhas do pinheiro. A câmara de incubação era de 5×5 mm e apresentava-se forrada com penas e rizomorfas. O ninho era de difícil localização devido sua coloração e formato, semelhante ao estróbilo feminino do pinheiro tornando-se camuflado. Apesar de completo, ainda não haviam ovos no seu interior. O segundo ninho foi encontrado em 20 de dezembro a aproximadamente 200 m do primeiro ninho, construído na copa de um pinheiro de 25 m de altura, apresentava o mesmo aspecto do anterior o que indica que seus padrões são semelhantes demonstrando importantes informações referentes ao aspecto taxonômico da espécie.

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